Fonte CEPEA
Milho Campinas (SP)R$ 72,93 / kg
Soja PRR$ 127,56 / kg
Soja Porto de Paranaguá (PR)R$ 132,49 / kg
Suíno Grande São Paulo (SP)R$ 12,77 / kg
Suíno SPR$ 8,63 / kg
Suíno MGR$ 8,53 / kg
Suíno PRR$ 8,21 / kg
Suíno SCR$ 8,14 / kg
Suíno RSR$ 8,15 / kg
Ovo Branco Gande São Paulo (SP)R$ 176,20 / cx
Ovo Branco Grande BH (MG)R$ 180,72 / cx
Ovo Vermelho Gande São Paulo (SP)R$ 192,67 / cx
Ovo Vermelho Grande BH (MG)R$ 197,43 / cx
Ovo Branco Bastos (SP)R$ 167,07 / cx
Ovo Vermelho Bastos (SP)R$ 185,50 / cx
Frango SPR$ 8,70 / kg
Frango SPR$ 8,81 / kg
Trigo PRR$ 1.532,65 / t
Trigo RSR$ 1.389,93 / t
Ovo Vermelho Santa Maria do Jetibá (ES)R$ 198,35 / cx
Ovo Branco Santa Maria do Jetibá (ES)R$ 175,17 / cx
Ovo Branco Recife (PE)R$ 157,19 / cx
Ovo Vermelho Recife (PE)R$ 175,67 / cx

Fala Agro

Consumo de carne de frango relacionado com câncer? - Por Masaio Mizuno Ishizuka

Consumo de carne de frango relacionado com câncer? - Por Masaio Mizuno Ishizuka

Resumo: Este estudo prospectivo acompanhou 4.869 adultos italianos ao longo de 19
anos, avaliando a relação entre o consumo de carne de frango e o risco de câncer do
sistema digestivo. Os resultados indicaram que indivíduos que consumiam mais de 300g
de carne de frango por semana apresentaram um risco 2,27 vezes maior de desenvolver
e morrer de câncer digestivo, em comparação com aqueles que consumiam até 100g
semanais.

Metodologia

  • Amostra: 4.869 adultos italianos
  • Duração: 19 anos de acompanhamento
  • Coleta de dados: Entrevistas, exames médicos, questionários alimentares e
    registros de saúde
  • Análise: Avaliação da relação entre o consumo de carne de frango e a mortalidade
    por cânceres do sistema digestivo

Principais Resultados

  • Indivíduos que consumiam mais de 300g de carne de frango por semana
    apresentaram:
  • 27% maior risco de morte por qualquer causa
  • 2,27 vezes mais chances de desenvolver e morrer por cânceres do sistema
    digestivo, em comparação com aqueles que consumiam até 100g por semana
  • O risco foi ainda mais elevado entre os homens, que apresentaram 2,6 vezes mais
    chances de morrer por câncer digestivo em comparação com os que consumiam
    menos de 100g semanais.

Possíveis Explicações

Os pesquisadores sugerem que o aumento do risco pode estar relacionado a:

  • Métodos de preparo: Cozinhar o frango em altas temperaturas pode gerar
    compostos mutagênicos
  • Exposição a substâncias químicas: Uso de pesticidas na alimentação das aves e
    administração de medicamentos ou hormônios
  • Diferenças hormonais: A presença de estrogênio nas mulheres pode influenciar
    na metabolização de nutrientes e no desenvolvimento de certas doenças

Considerações Finais

Embora o estudo indique uma associação entre o consumo elevado de carne de frango
e o aumento do risco de câncer gastrointestinal, os autores ressaltam que são necessárias
mais pesquisas para confirmar esses achados e entender os mecanismos envolvidos.
Recomenda-se moderação no consumo de carne de frango, alternando com outras
fontes de proteína, como peixes, e atenção aos métodos de preparo, evitando altas
temperaturas e tempos prolongados de cozimento.

CONSIDERAÇÕES (MASAIO):

Esta pesquisa trata-se de um estudo de coorte (Cohort)

Obs1. O ESTUDO DE COORTE é um tipo de pesquisa observacional longitudinal em que um grupo de indivíduos (chamado coorte) é acompanhado ao longo do tempo para se observar a ocorrência de um ou mais desfechos (como o surgimento de doenças), comparando a frequência desses desfechos entre expostos e não expostos a um determinado fator de risco.

Obs2. A pesquisa em foco indica que o acompanhamento não incluiu grupos testemunha, i.é. indivíduos que não consumiram carne de frango e adquiriram câncer de
estomago; indivíduos que consumiram e não adquiriram câncer de estômago; e
indivíduos que não consumiram e não adoeceram.

Obs3. Indicam também que a exposição a pesticidas na alimentação das aves e
administração de medicamentos ou hormônios podem contribuir para esse risco.

Obs4. Após um estudo de coorte, para fundamentação científica mais sólida, o
necessário que o achado seja confirmado por:

ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO (RCT – RANDOMIZED
CONTROLLED TRIAL)
(SZKLO, M. & NIETO, X, 2019; THRUSFIELD, M., 2005)

a. É o padrão-ouro da pesquisa científica para estabelecer relação de causa e efeito.
Realizado em seguida ao estudo de coorte, fato que não é abordado na pesquisa
na pesquisa em debate.

b. No RCT, os participantes são randomizados (sorteados) para o grupo exposto ou
não exposto (ou para diferentes tratamentos) — isso minimiza vieses.

c. Permite controlar melhor os fatores de confusão que, em estudos observacionais
como o de coorte, podem atrapalhar a interpretação.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SZKLO, M. & NIETO, X. Epidemiology beyond the basis. Ed. Jones & Bartlet Learning,
588p, 2019.
THRUSFIELD, M. Veterinary epidemiology. Ed. Blackwell Publish. 626 p. 2005.

Conclusão geral: os pesquisadores do Instituto Nacional de Gastroenterologia da Itália
certamente deveriam ter utilizado estes resultados como hipótese para elaborar pesquisa
subsequente considerando as diferentes possíveis causas de câncer e não simplesmente
publicar porque poderá gerar, ou já gerou, consequências imponderáveis. Trata-se de
um ensaio epidemiológico preliminar que requer, necessariamente, um estudo posterior
adequado denominado Análise de Risco que visa estudar as causas mais prováveis e
concluir a causa ou causas mais prováveis com um nível de confiança pré-estabelecido,
geralmente de 95% de confiança ou erro α = 5%.

BONFIGLIO, C.; DONGUIA, R.; TATOLI, R.; PESOLE, P.L.; GIANNELLI, G. High Consumption
of Poultry Meat and Risk of Digestive Cancer: A 19-Year Prospective Study. Nutrients, v.
17, n. 4, p. 1234–1245, 2025