
A primeira semana de fevereiro de 2025 foi marcada por dinâmicas interessantes no mercado da avicultura brasileira, com destaque para a valorização dos preços do frango e dos ovos, impulsionada por fatores como a oferta controlada, o bom desempenho das exportações e o aumento gradual da demanda. No entanto, a demanda interna enfraquecida, típica do início de ano, e a alta dos custos de produção, especialmente do milho, também influenciaram o cenário. A presente análise detalhada, com base em dados do Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas Aplicadas (Cepea), abordará os principais aspectos econômicos da semana, com foco nos preços, na produção e nos fatores que influenciaram o mercado.
Frango:
- Preços em ascensão: As cotações médias do frango vivo e da carne de frango apresentaram alta em janeiro, refletindo a oferta doméstica relativamente controlada e o bom ritmo das exportações. Esse cenário contribuiu para a valorização dos produtos no mercado atacadista.
- Demanda interna em contrapartida: A demanda interna, no entanto, mostrou-se enfraquecida, como é comum no início do ano, devido às despesas extras típicas desse período, como o pagamento de impostos e o material escolar. Esse fator limitou o potencial de alta dos preços.
- Variação de preços no atacado: Em janeiro, o frango inteiro congelado foi negociado no atacado da Grande São Paulo à média de R$ 8,38/kg, o que representa um aumento de 1,2% em relação a dezembro de 2024. Já o frango inteiro resfriado, também no atacado da Grande SP, teve alta de 1,1%, atingindo a média de R$ 8,40/kg.

Ovos:
- Preços em trajetória de alta: Os preços dos ovos continuam em alta neste início de fevereiro, movimento que se iniciou na segunda quinzena de janeiro. A valorização dos ovos é reflexo do aumento gradual da demanda, impulsionada pelo retorno às aulas e pelo período de pagamento de salários, e da oferta limitada, devido a fatores como o menor ritmo de postura das galinhas e o aumento dos custos de produção.
- Demanda aquecida e oferta restrita: A demanda aquecida, especialmente para atender às necessidades de escolas e restaurantes, e a oferta restrita têm gerado um cenário de pressão sobre os preços. Há relatos de dificuldades para atender à demanda de clientes regulares em diversas regiões, com aumento na procura por novos compradores.
- Expectativa de demanda sustentada: A expectativa é que a procura por ovos permaneça aquecida nos próximos dias, impulsionada tanto pelo período de recebimento de salários quanto pelo retorno das aulas escolares. Esse cenário pode sustentar a alta dos preços no curto prazo.


Comparativo Semanal:
- Frango: Na semana anterior, os preços da carne de frango encerraram janeiro com comportamentos distintos entre as regiões, com algumas praças sofrendo pressão de baixa devido à menor demanda e outras mantendo valorizações devido à oferta enxuta.
- Ovos: O poder de compra de avicultores de postura paulistas caiu em janeiro, com a média mensal dos preços dos ovos ficando abaixo da registrada em dezembro de 2024, apesar da recuperação na segunda quinzena. O milho se valorizou, enquanto o farelo de soja teve leve recuo.
Perspectivas:
Apesar dos desafios, como a alta dos custos de produção e a concorrência internacional, o setor avícola brasileiro possui um grande potencial de crescimento, com tecnologia avançada, infraestrutura adequada e custos de produção competitivos. A necessidade de investir em tecnologia, inovação e sustentabilidade é fundamental para garantir a competitividade e o crescimento do setor a longo prazo.
Fatores que influenciam os mercados de frango e ovos:
- Oferta e Demanda: A dinâmica entre oferta e demanda é o principal fator determinante dos preços.
- Custos de Produção: Os custos dos insumos impactam diretamente a rentabilidade dos produtores e os preços dos produtos.
- Exportações: O volume de exportações influencia a disponibilidade de produtos no mercado interno e os preços.
Aquicultura: um panorama regional

O mercado da aquicultura brasileiro apresenta variações de preços significativas nesta última semana, de acordo com dados divulgados pelo Cepea. Os preços do pescado, importantes indicadores para produtores e consumidores, refletem a dinâmica regional do setor.

Perspectivas:
A aquicultura é um setor importante para a economia brasileira, gerando empregos e renda em diversas regiões do país. O consumo de peixe tem crescido no Brasil nos últimos anos, impulsionado pela busca por uma alimentação mais saudável e pela maior disponibilidade de peixes cultivados.
Fatores que podem influenciar os preços do pescado:
- Mudanças climáticas: Eventos climáticos extremos podem afetar a produção de peixes e, consequentemente, os preços.
- Doenças: Surtos de doenças em peixes podem causar perdas na produção e aumentar os preços.
- Políticas públicas: Incentivos governamentais à aquicultura podem estimular a produção e influenciar os preços.
- Consumo: As mudanças nos hábitos de consumo e a crescente demanda por produtos mais saudáveis e sustentáveis podem impactar o mercado da aquicultura.
Grãos: Soja, Milho e Trigo

O mercado de grãos brasileiro apresenta um cenário misto nesta semana, com a soja em queda, o milho em alta e o trigo se mantendo firme, de acordo com levantamentos do Cepea.
Soja
Os preços internos da soja continuam em queda, atingindo os menores patamares reais desde março do ano passado. A pressão sobre os preços é resultado de uma combinação de fatores, incluindo o avanço da colheita da safra 2024/25 no Brasil, a redução das taxas de exportação (retenciones) sobre o complexo soja na Argentina e a desvalorização do real frente ao dólar.
Esses fatores têm afastado compradores do produto brasileiro, e a demanda deve permanecer desaquecida nos próximos dias devido ao Ano Novo Chinês, que começou em 29 de janeiro.
Dezembro/24 para janeiro/25 (até 30/01), o Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná registrou uma queda de 6,2%, com a média atual em R$ 129,82 por saca de 60 kg, o menor valor desde março de 2024 em termos reais (IGP-DI de dezembro/24).
Confira os valores da soja (06/02):
- Paranaguá: R$ 132,05
- Paraná: R$ 126,50
Milho
As cotações do milho seguem em alta no mercado brasileiro. O principal motivo é a retração dos vendedores, que estão concentrados nos trabalhos de campo, como a colheita da safra de verão e o plantio da segunda safra.
Além disso, a demanda está aquecida, com parte dos consumidores buscando recompor seus estoques. Na semana passada, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas – SP) voltou a se aproximar de R$75 por saca de 60 kg.
O valor do milho (06/02) é de R$76,42.
Trigo
Os preços médios do trigo se mantiveram firmes em janeiro. O principal fator de suporte é a retração dos produtores, que se afastaram do mercado à vista, vendendo poucos volumes.
Do lado da demanda, os consumidores, que já estão abastecidos, adquiriram pequenas quantidades do cereal para completar seus estoques, mostrando maior interesse em fechar contratos a termo com recebimento a partir de março.
Em janeiro, a média mensal do trigo negociado no Rio Grande do Sul foi de R$1.270,02 por tonelada, 1,4% acima de dezembro de 2024, mas 3,5% abaixo de janeiro de 2024 em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI).
No Paraná, os aumentos foram de 0,9% no comparativo mensal e de 5,3% no anual, com a média de R$1.409,27 por tonelada. Em São Paulo, houve altas de 0,8% e 18,4%, respectivamente, atingindo R$1.591,94 por tonelada em janeiro. Em Santa Catarina, a média foi de R$1.438,73 por tonelada, 1,2% acima de dezembro de 2024, mas 0,9% abaixo de janeiro de 2024.
Confira os valores do trigo (06/02):
- Paraná: R$ 1.424,43
- Rio Grande do Sul: R$ 1.316,72
Fatores que influenciam o mercado:
- Condições climáticas: As condições climáticas nas principais regiões produtoras influenciam diretamente a produção e os preços dos grãos.
- Demanda interna e externa: A demanda por grãos, tanto no mercado interno quanto no mercado externo, impacta diretamente nos preços.
- Políticas governamentais: As políticas agrícolas e comerciais dos governos podem influenciar os preços dos grãos.
- Câmbio: A taxa de câmbio influencia a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.