
A Itaipu Binacional iniciou uma pesquisa inovadora para a produção da espécie dourado (Salminus brasiliensis) em sistemas de tanques-rede, com o objetivo de desenvolver a cadeia produtiva desse peixe e gerar uma nova fonte de renda para as comunidades que dependem da pesca ou da aquicultura no reservatório de Itaipu. A primeira carga com seis mil peixes jovens, com seis meses de idade, chegou na manhã de terça-feira (14) à Unidade Demonstrativa e Experimental de Aquicultura, que utiliza o Sistema Bioflocos.
Objetivos da Pesquisa e Benefícios para o Meio Ambiente
O engenheiro agrônomo André Watanabe, da Divisão de Reservatório da Itaipu, destaca que a pesquisa visa valorizar comercialmente o dourado, cuja pesca é proibida no Paraná. “Ao consumir peixe proveniente da pesca, estamos extraindo um recurso limitado e colocando em risco a espécie. Com a aquicultura, conseguimos fornecer esse peixe para consumo sem impactar o estoque natural”, afirmou Watanabe.
A Produção e os Desafios do Dourado
Atualmente, a produção de dourado em sistemas de tanques-rede é inédita no Paraná. Os filhotes viajaram 12 horas de caminhão de Campo Grande (MS) até a Itaipu, onde passaram por um processo de aclimatação antes de serem colocados nos tanques. Após dois meses de adaptação, os peixes devem ganhar peso e alcançar um quilo em cerca de um ano, momento em que estarão prontos para comercialização. O dourado é um peixe de alto valor comercial, o que cria uma oportunidade para atender nichos de mercado com produtos premium.
Desenvolvimento de Tanques-Rei e Necessidades Específicas
O engenheiro André Watanabe também explicou que, devido às características do dourado – uma espécie carnívora e dominante –, a Itaipu está planejando a construção de tanques-rede maiores, de 500 metros cúbicos, para garantir que o peixe tenha o espaço necessário para se adaptar. O dourado exige mais cuidado no manejo devido à sua natureza agressiva, e os cuidados durante a fase juvenil são essenciais, já que a mortalidade é alta nesse estágio da produção.
Tecnologia Bioflocos para Sustentabilidade
A produção de dourado será realizada utilizando o sistema de bioflocos, que emprega a mínima quantidade de água e evita a poluição do meio ambiente. Nesse sistema, bactérias se aglomeram para consumir a amônia gerada pelos peixes, e, como subproduto, geram nitrato, que é posteriormente consumido por plantas aquáticas. A água é reciclada diversas vezes, o que reduz o consumo de recursos hídricos. Para cada quilo de peixe produzido no sistema de bioflocos, são utilizados apenas 500 litros de água, em comparação com os 18 a 30 mil litros consumidos em sistemas convencionais.
Sustentabilidade e Parcerias
O objetivo da pesquisa é não só aumentar a produtividade, mas também buscar soluções mais sustentáveis para a aquicultura, sem contaminar o reservatório de Itaipu. A Itaipu, em parceria com a Embrapa, também estuda protocolos de alimentação, controle de qualidade da água, e avalia os custos e a viabilidade econômica da produção de peixes nesse sistema sustentável.
O Paraná, maior produtor de peixes do Brasil, com 200 mil toneladas por ano, concentra mais de 70% dessa produção na bacia do reservatório de Itaipu. As pesquisas da Itaipu têm o potencial de criar um modelo de produção aquática mais sustentável e eficiente, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região.
Fonte: Vale