
Um novo estudo da Embrapa aponta boas oportunidades para a exportação da tilápia brasileira para o mercado premium americano, apesar do “tarifaço” imposto pelos EUA. O potencial é impulsionado pela qualidade do produto, rastreabilidade e pela queda na oferta de tilápia da China. A tilápia é o carro-chefe da aquicultura nacional, e o Brasil é o quarto maior produtor mundial.
Os Estados Unidos são o principal destino da tilápia brasileira, recebendo mais de 85% do total embarcado em 2024. O consumo per capita anual no país atinge 460 gramas. A tilápia é o peixe preferido do consumidor no Brasil, onde o consumo cresceu 93% em dez anos.
O pesquisador Manoel Pedroza, que assina o estudo, admitiu que a tarifa de 50% imposta por Donald Trump afetou as exportações, mas a intensidade da queda foi menor que a projetada: 32% em agosto, o primeiro mês de vigência da tarifa. “Especialistas do setor esperavam uma queda maior e esse resultado mostra que o setor continua presente no mercado norte-americano, mesmo no cenário atual”, afirmou Pedroza.
Demanda nos EUA e Estratégias Sugeridas
A tilápia é amplamente popular entre os consumidores americanos, tendo rompido os nichos de mercados asiáticos e latinos. Em contraste, na Europa, o consumo é de apenas 39 gramas por pessoa por ano e focado em nichos étnicos e produtos congelados mais baratos.
Para aproveitar as oportunidades, Pedroza sugere:
- Foco na tilápia congelada: Mercado mais consolidado nos EUA e com custo de frete menor que o do produto fresco (transportado por avião).
- Agregação de Valor: Criação de novos cortes e produtos como empanados, tilápia vermelha e embalagens prontas para consumo.
Os desafios incluem a necessidade de reduzir preços para aumentar a competitividade e investir mais em logística para produtos frescos e em certificação internacional. A tilápia foi o segundo peixe mais importado pelos EUA em 2024, atrás apenas do salmão.
Reabertura do Mercado Europeu
A pesquisa da Embrapa também identificou oportunidades na Europa, mas ressalta a necessidade de reabrir o mercado europeu para a piscicultura nacional, cujos embarques foram paralisados em 2018 por falhas no sistema de controle sanitário brasileiro. As oportunidades na Europa se devem à elevação dos preços da tilápia chinesa e à valorização de produtos frescos no continente. No entanto, o baixo consumo pelos europeus é um limitador devido à concorrência com espécies como panga e polaca do Alasca.
Pedroza avalia que os exportadores brasileiros podem se beneficiar da boa reputação de seu filé fresco de tilápia e da grande oferta de voos. Contudo, será necessário um trabalho robusto de comunicação e marketing para desenvolver a demanda pela tilápia fresca na Europa e estabelecer preços competitivos.










