
A avicultura global está prestes a testemunhar uma quebra de paradigma tecnológico que promete resolver, simultaneamente, dilemas éticos e gargalos de produtividade. Apresentadas pelo Dr. Yuval Cinnamon (Instituto Volcani/NextHen) no Poultry Tech Summit 2025, duas inovações de edição genética ganham destaque.
A primeira, batizada de Golda, foca na indústria de postura: ela introduz uma característica no cromossomo Z que, ao ser ativada por luz azul na incubadora, interrompe o desenvolvimento embrionário dos machos. O resultado é 100% de precisão na sexagem, eliminação do descarte de pintinhos machos e economia de 50% no espaço de incubação.
A grande vantagem regulatória do sistema Golda é que as galinhas poedeiras e os ovos de mesa resultantes mantêm o status de não-transgênicos (não-OGM). Órgãos reguladores de peso, como a FDA (EUA), EFSA (Europa) e agências no Brasil, já confirmaram essa designação. Com testes comerciais em larga escala finalizados, a tecnologia deve chegar ao mercado já no próximo mês, permitindo uma produção ética sem a necessidade de equipamentos complexos ou triagem manual.
A segunda inovação, chamada Layers Laying Broilers (LLB), ataca a ineficiência reprodutiva das matrizes de corte. A tecnologia cria galinhas poedeiras que funcionam como “barrigas de aluguel” para a genética de frangos. Através da transferência de células germinativas, uma galinha com a capacidade de postura e robustez de uma poedeira põe ovos que eclodem como frangos de corte de elite. Isso resolve o problema da baixa fertilidade das matrizes pesadas e elimina a necessidade de restrições alimentares severas, melhorando drasticamente o bem-estar animal.
Além dos ganhos de bem-estar, o sistema LLB permite uma agilidade genética inédita: novas linhagens de frango podem ser introduzidas no mercado em apenas uma geração, reduzindo o ciclo de quatro anos para um processo quase imediato. Segundo Cinnamon, isso permite explorar o potencial reprodutivo máximo, onde poucas aves de elite podem gerar milhões de descendentes, mantendo o produto final — a carne de frango — idêntico ao convencional e livre de modificações genéticas no consumo.
Referência: Watt Poultry












